Inflação: O que é e como nos afeta
By KOMESU, Daniel
Inflação, termo comum nos noticiários econômicos e um fenômeno que pode acabar com uma sociedade. A alta inflação, ou hiperinflação, já foi o maior pesadelo do Brasil no século XX, terminando somente em 1994, quando o Plano Real foi implantado.
Esse tema está profundamente relacionado com a criação de dinheiro, as políticas econômicas do governo, a oferta de crédito e os juros.
O que é inflação?
Inflação pode ser definida como a perda do poder de compra do dinheiro ou o aumento generalizado dos preços praticados no mercado. A taxa de inflação, divulgada pelo governo e outras instituições, é a média do aumento de preços de produtos e serviços.
Diminuição do valor do dinheiro no tempo
Com o passar do tempo o dinheiro tende a perder seu valor. Se há um ano podíamos comprar um produto por R$ 100, hoje temos que desembolsar R$ 105 para adquirir o mesmo produto, ou seja, um aumento de cinco reais (ou 5%) no período de um ano. Se constatado que não foi apenas um, mas uma grande variedade de produtos e serviços que teve aumento de preços, então conclui-se que houve inflação e o dinheiro perdeu um pouco do valor.
Mil reais, há dez anos, não valem o mesmo que mil reais hoje e não valerão o mesmo daqui a dez anos. A inflação corrói seu valor constantemente. É por isso que não se deve deixar dinheiro parado por muito tempo, senão ele perde seu valor.
O que causa a inflação?
A inflação é causada pelos motivos abaixo explicados.
- Alta demanda e pouca oferta: quando a procura por produtos e serviços é grande demais para as empresas satisfazerem as necessidades do mercado. Os preços tendem a subir, porque as pessoas querem comprar e pagam o valor, e porque as empresas querem mais dinheiro para expandir a produção.
- Excesso de dinheiro em circulação: quando há dinheiro demais em circulação. As causas para isso podem ser:
- Consumo excessivo: quando as pessoas e empresas gastam muito rápido e não fazem poupança. É o consumismo. O dinheiro vai embora tão logo ele chega nas mãos das pessoas. Esse consumo excessivo pode ser estimulado pelo crédito barato.
- Gasto excessivo do governo: quando os gastos públicos fazem com que a quantidade de dinheiro em circulação aumente demais.
- Aumento generalizado dos custos de produção: quando, por algum motivo, o custo de se produzir alguma coisa aumenta rapidamente. Alguns dos motivos para isso são:
- Aumento dos salários em ritmo maior do que o da produtividade;
- Aumento dos preços das matérias-primas e recursos usados pelas empresas;
- Aumento das margens de lucro das empresas por causa de baixa concorrência;
- Diminuição generalizada da produtividade.
- Inércia: quando, na tentativa de se proteger da própria inflação, as pessoas correm ao mercado para comprar antes que os preços aumentem, os trabalhadores exigem aumentos salariais e empresas tentam garantir o lucro. Isso pode criar um círculo vicioso, que pode se agravar se o governo não intervir.
- Variação cambial: quando uma alta forte do dólar, no caso do Brasil, faz com que produtos comercializados tanto no país quanto no exterior, chamados “tradables”, encareçam rapidamente.
Quais os efeitos da inflação na economia?
A inflação na economia de uma nação afetam a distribuição de renda da população, os investimentos e a percepção das pessoas sobre a economia. Há quem diga que um pouco de inflação faz bem, que significa uma economia em expansão, incentiva o investimento em vez da acumulação de capital e aumenta a qualidade de vida das pessoas ao estimular o consumo. E há quem diga que a inflação não traz nenhum benefício, ao contrário, aumenta a desigualdade e destrói a riqueza.
- Moeda escritural e o efeito multiplicador
Os assalariados de baixa renda são os que mais sentem os efeitos da inflação. Como a maior parte do salário se destina à alimentação e transporte (principais componentes dos índices de inflação), uma alta na inflação afetaria principalmente essas pessoas.
Um estudo, publicado pelo New England Complex Systems Institute, encontrou uma correlação entre as ondas de protestos pelo mundo com a alta inflação dos alimentos. Cruzando dados da ONU sobre os preços da comida com 210 protestos no mundo todo ocorridos em anos recentes, os pesquisadores descobriram que a eclosão dos protestos ocorreu justamente em momentos de inflação alta.
Leitura recomendada:
- “Os efeitos econômicos da inflação” do Instituto Ludwig von Mises Brasil.
Inflação no Brasil
A história recente do Brasil foi marcada por um fenômeno extremo na economia chamado hiperinflação. Entre 1960 a 1994 o país sofreu com a inflação elevada, chegando ao ápice de 2.500% ao ano em 1993.
Nesse período, a moeda corrente foi substituída várias vezes, passando pelo Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzeiro (novamente), Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro Real e, finalmente, o Real.
Assista o vídeo abaixo, publicado pelo jornal Folha de São Paulo em abril de 2013, mostrando o histórico de inflação no Brasil.
Índices de inflação do Brasil
No Brasil, vários índices de inflação são publicados por diferentes instituições, mas há dois que são mais importantes e mais citados pela imprensa: o IPCA, índice de inflação oficial do governo, e o IGP-M.
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IGBE, é o indexador oficial do governo brasileiro e reflete o custo de vida das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos por mês em um grupo de regiões metropolitanas.
IGP-M
O Índice Geral de Preços do Mercado, publicado pela Fundação Getúlio Vargas, foi criado por solicitação do setor financeiro para ser um índice independente do governo nos anos 80.
O portal IBRE, da FGV, publica os índices da fundação.
Leitura recomendada:
- “IPCA e IGP-M: Inflação Histórica no Brasil” do blog HC Investimentos.
Hiperinflação
A hiperinflação é uma caso de inflação descontrolada, em que tudo encarece muito rapidamente, o dinheiro perde seu valor e há uma crise econômica. Ela é geralmente associada com guerras, revoltas sociopolíticas e outras crises.
Na história houve vários casos de hiperinflação no mundo, sendo a mais recente a ocorrida no Zimbabwe, em 2008. Exemplos clássicos de hiperinflação incluem as ocorridas na Alemanha, que entre 1919 e novembro de 1923 variou 1 trilhão por cento, e na Hungria, após a 2ª Guerra Mundial que, em julho de 1946, estava em 195% ao dia.
No Brasil, houve hiperinflação por um longo tempo, sendo o período entre 1980 e 1994 os mais acentuados. A situação só melhorou depois da implantação do Plano Real.
Controle da inflação
Os governos têm ferramentas para tentar controlar a inflação em seus países. A mais comum é taxa básica de juros, que no Brasil é representada pela taxa SELIC.
Outros meios de controle da inflação são: impostos, compra e venda de moeda estrangeira pelo governo, a diminuição dos gastos públicos e, por fim, a fixação de preços por decreto de lei.
Metas de inflação
Desde 1999, o Brasil tem um sistema de metas de inflação. O Banco Central, com base em projeções de crescimento do PIB, estabelece uma faixa para a taxa de elevação dos preços no país. O BC observa o mercado e age com seus instrumentos de controle para alcançar essa meta. Isso faz parte da política monetária do governo.
Caso o BC não consiga alcançar o objetivo, ele tem que se explicar ao governo através de uma carta aberta.
Como se proteger da inflação
Os efeitos corrosivos da inflação faz com que deixar dinheiro parado seja um péssimo negócio. Para se proteger, o cidadão comum pode tomar as seguintes medidas:
- Investir em aplicações financeiras que rendam mais do que a inflação no período. Essas aplicações podem ser: a caderneta de poupança, fundos de investimento, títulos públicos indexados à inflação, CDBs, LCIs, etc.
- Diminuir gastos e economizar onde for possível.
- Consumir de forma consciente, evitar fazer compras em grandes quantidades quando não necessário (o fim do mundo está próximo por acaso?), assim evitamos desperdícios, comida estragada e compras de produtos supérfluos.
Referências: Wikipédia, Economia Clara